Devo confessar que antes, durante e depois dos vários anos que passei na Álvares Cabral raramente me passou pela mente a figura do Patrono do Liceu. Sim, todos sabíamos que Pedro Nunes foi um grande matemático. Também nos ensinaram que inventou o nónio e explicaram para que serve e como funciona. Mas pouco mais.
Somente nos últimos anos, e por intermédio do trabalho do Professor Henrique Leitão –físico, historiador da ciência e um dos melhores conhecedores de Nunes – comecei a avaliar a dimensão da grande figura quinhentista. Aprendi, por exemplo, que John Dee, um dos mais influentes cientistas do Séc. XVI, se refere a Nunes como “homem eruditissimo e gravissimo que é para nós o único depósito, a honra e a coluna das artes Matemáticas”.
Várias livros de Nunes faziam parte das bibliotecas pessoais de Mercator e outros grandes nomes do tempo. O Libro de Algebra, que Pedro Nunes publicou em 1567, foi um dos mais famosos textos de álgebra da segunda metade do século XVI. Os comentários de Nunes à obra de Copérnico, De revolutionibus, eram muito frequentemente citados pela Europa fora. E no que respeita à análise matemática da navegação, a contribuição do português foi tal que se pode falar com propriedade da navegação teórica antes e depois de Pedro Nunes.
É impossível dar aqui uma ideia minimamente completa do que a vida e a obra de Pedro Nunes representaram para o País e para o mundo. Pessoalmente, foi-me muito útil a leitura do artigo de H. Leitão, “Sobre a difusão europeia da obra de Pedro Nunes”, publicado na revista Oceanos.
Da minha parte, sempre que algum estrangeiro me interroga sobre Portugal, continuo referindo os nomes de sempre: Eusébio, Amália, ... Mas faço questão em acrescentar à lista o nome do grande português por que todos temos razão de orgulho: Nunes.
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